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NEUROGESTÃO – O Líder como elo entre a ruína e o sucesso.


Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio...pois na segunda vez o rio já não será o mesmo, nem tão pouco o homem! (Heráclito de Efeso).

Esta referência foi escrita por Heráclito antes de Cristo, e continua atual até hoje, e porque então os líderes atuais, grande parte, continuam achando que quando entrarem novamente no rio encontrarão o mesmo rio e serão os mesmos homens?

O líder que você foi ontem, quem você foi ontem não serve para o hoje, para o atual, por um motivo bem simples, o mundo já não é o mesmo, e o mundo aqui é o rio, e este rio, este mundo, é formado por outras pessoas que acompanham a mudança que acontece.


Um pergunta objetiva: você é a mesma pessoa de 20 anos atrás, 15 anos, 10 anos, 5 anos? Não é. E não é porque a realidade é outra totalmente, talvez na sua época não existisse celular, internet, google, uber, netflix, airbnb, redes sociais, startups, e assim vai, e tudo isso muda a forma como o mundo é.

E além disso, se na época que você viveu a adolescência não usava celular, hoje talvez não viva sem ele, ou seja, você é outro de quando não tinha celular.


Agora imagine quem nasceu com o celular, no modo touch ainda, com google, com redes sociais, o mundo desta pessoa é outro completamente diferente.

As mudanças sociais, tecnológicas, de realidade virtual, cibernéticas, de nanotecnologias, contextos históricos fazem com que as concepções, o entendimento, as memórias das pessoas sejam diferentes.

E é aqui que está o que me chama a atenção nos líderes. A sua fala e comportamento querendo que os seus colaboradores tenham o mesmo comportamento de antigamente, querendo que eles hajam como há 20 anos atrás, com uma pequena (brutal) diferença, 20 anos depois.



É comum ouvir a fala: “na minha época a coisa funcionava assim”, “na minha época era assim”.

Para estas falas tenho uma triste notícia, esta época não existe mais, aquele mundo não existe mais, você daquela época não existe mais.

E são exatamente estes líderes que enfrentam os maiores problemas.

Imagine uma corrente, os líderes equivalem aos elos que ligam a alta gestão, os acionistas aos colaboradores para produzir os resultados necessários, se estes elos são fracos a corrente pode se partir e a empresa ir a ruína, mas se eles são fortes, robustos, ela pode ir ao topo, ao sucesso. Em resumo, os líderes podem construir ou destruir uma empresa, e isto está ligado a sua forma de agir (comportamentos), que está ligado a sua forma de ver, perceber o mundo (construções neuronais, caminhos neurais).


Exigir que as pessoas hajam hoje como se agia a anos atrás é no mínimo insano, e isso, essa mentalidade, leva a ruína.

E aqui entra um conceito moderno e de fundamental importância nas organizações para a mudança deste cenário, a Neurogestão.

É inegável a contribuição da neurociência para diversos campos da vida humana, e dentre eles a gestão organizacional, a gestão de pessoas, entender como as pessoas funcionam, como o cérebro das pessoas funciona, o que as motiva, o que as faz realizar, o que buscam, é algo realmente revolucionário e que pode mudar os rumos e o futuro das organizações.


Neurogestão é o entendimento de como o cérebro humano funciona aplicado a busca de resultados dentro das organizações.

Não resta dúvida que o cérebro é o maestro da nossa forma de agir, atuar, ver, perceber e nos comportar no mundo. Entender como ele funciona traz evidente vantagem para compreender o que motiva e desmotiva as pessoas, como pensam, agem, reagem frente a determinadas situações e como tomam decisões.

Ter conhecimento sobre isso pode dar muito mais clareza de como devemos atuar no ambiente organizacional para potencializar a eficiência das pessoas levando-as a um estado de flow, ou de fluxo, onde elas sintam sentido no que estão fazendo, sintam-se realizadas e busquem dar o seu melhor.



A simples forma de atuar dos líderes, gestores pode influenciar o comportamento cerebral dos colaboradores diminuindo ou aumentando os resultados.

Todos os nossos comportamentos, ações e formas de estar no mundo estão relacionados com as conexões cerebrais que temos e o que é produzido diariamente em nosso cérebro.

Desta forma, o gestor/líder pode mudar as conexões que as pessoas tem e que fazem elas apresentarem determinados comportamentos, bem como, a partir de determinadas ações construir novas conexões, novas trilhas desenvolvendo assim comportamentos antes inexistentes e mais fundamentais para a organização.


O líder/gestor da atualidade precisa ser um neurocoach.

O neurocoach foca no resultado a partir das pessoas, busca potencializar o capital humano para que as pessoas sintam qual o verdadeiro sentido de estarem fazendo o que fazem, para assim trabalharem com a sua versão máxima.

E nessa proposta o líder/gestor deve ser aquele que não busca controlar seus colaboradores, mas sim trabalhar para que eles tenham autonomia, responsabilidade, criatividade, independência, intraempreendedorismo e visão do que precisam atingir e por que.


Este neurocoach precisa entender como está estruturado o sistema de recompensa de seus colaboradores, o sistema emocional, o sistema de memória e o de tomada de decisão. Entendendo estes aspectos da regulação cerebral da sua equipe certamente potencializará os resultados que cada um pode entregar, pois atuará no servidor, no modo de ativação principal de cada membro.

Este Neurocoach deixa de ser alguém que manda para estar junto, para acompanhar, para provocar, para instigar, desafiar e dar condições para que cada um faça o que precisa fazer encontrando as suas formas de fazer, respeitando as habilidades e condições de cada integrante do time.


Este novo líder/gestor não dá as respostas ou diz o que precisa fazer de uma forma autoritária e que desperte medo, pois isso inibe resultados, tendo em vista que o autoritarismo provoca uma emoção primária, o medo, que nos leva a um comportamento de proteção, de esquiva, de falta de iniciativa ou muitas vezes de repulsa, de sabotagem, justamente buscando repelir aquilo que provoca o medo no instinto de proteção, de se auto proteger.



Desta forma, o direcionamento deve ser pela provocação, pelo desafio, instigando o time a participar e a construir resultados, dando metas que apresentem dificuldade adequada as capacidades e qualidades do time, mas que também apresentam um grau de esforço, de suor, onde a conquista fará com o que cérebro sinta o prazer de vencer o desafio, cumprir a meta, e assim querendo a próxima.


Além disso, este neurocoach deve desenvolver e trabalhar emoções positivas em seu time, o qual desencadeará aspectos de autoestima, de pertencimento, de ligação, de confiança do time para o gestor e do gestor para com o time, que passa a ser um só, não havendo diferença hierarquica.

Este novo gestor/líder na figura de um neurocoach passa a ser visto e respeitado pelo seu time como um mentor, como aquele que sabe o caminho e está ali para ajudar a encontrar o melhor caminho para os maiores resultados.

Este é um novo estilo de líder/gestor, que não tem medo de compartilhar conhecimentos, de formar e treinar pessoas, pois o seu foco é o resultado, que se faz através do coletivo, das pessoas, do time como uma unidade.


Não há dúvidas de que este gestor tende ao sucesso, ao reconhecimento, a visibilidade e ao desejo de outros para que ele seja o integrante de outros times, como um treinador que ganha títulos no mundo esportivo, assim que é visto e percebido, recebe oportunidades em outros times.

A Neurociência tem se aprofundado e muito no entendimento da liderança, do mundo organizacional, do comportamento humano a partir do funcionamento cerebral, pois se falamos em pessoas, desenvolvimento e mudança de comportamento, certamente falaremos de cérebro, conexões neurais, memória, aprendizado, emoções, falaremos do que é humano para desenvolver o humano.




Autor:

Delfino Pellegrini Andrade é formado em Direito e Filosofia, com especialização em Gestão de Pessoas, Educação, Filosofia Clínica e Neurogestão, possui mais de 20 anos de experiência com gestão de equipes, atuou em várias empresas e projetos que o ajudaram a ampliar o entendimento sobre as pessoas, além disso também é o fundador da Delfino Pellegrini Neurogestão, palestrante, professor, consultor organizacional e voluntário da ABRH Blumenau. Um eterno aprendiz e curioso, onde tem como grandes mestres os seus três filhos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DAMASIO, A. Erro de Descartes: Emoção, Razão e Cérebro Humano, 2005.

DUTRA, S. J. Tendência das lideranças e desafio dos líderes. Revista do 7º Fórum global de liderança. Estação Business School, 2014.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Editora Objetiva, 2012.


GOLEMANN, Daniel. Liderança: a inteligência emocional na formação do líder de sucesso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2015.


GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência psicológica: mente, cérebro e comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005.







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