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Foto do escritorSimone Helena Schelder

Saúde Mental no Trabalho: O Que Mudou e o Que Ainda Precisamos Conquistar.

O Dia Mundial da Saúde Mental é comemorado em 10 de outubro. Esse dia foi estabelecido em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental e promover o bem-estar emocional e psicológico. No entanto, essa conscientização no campo do trabalho ocorreu de forma lenta e gradual ao longo dos anos.


No contexto organizacional, o olhar mais atento para ações de promoção da saúde mental e suporte psicológico nas empresas começou a ganhar espaço de maneira mais eficaz apenas nos últimos anos. Contudo, acredito que devemos comemorar e valorizar esse avanço.


Nos anos 2000, quando eu estava na graduação em Psicologia, falar abertamente sobre saúde mental no ambiente corporativo era visto como algo totalmente estranho e até tratado com preconceito. Um comentário típico era: “Saúde mental e psicologia na empresa? Para quê? Não temos nenhum louco aqui!”. Sei disso porque vivenciei essa realidade de perto. Essas atitudes, comuns na época, me levaram a questionar se as questões psíquicas dos seres humanos seriam realmente consideradas nos espaços organizacionais. Confesso que isso me causou frustração. Porém, continuei acreditando e cumprindo meu papel no desenvolvimento de pessoas no contexto do trabalho.


Hoje, o sentimento é de satisfação, pois vejo muitos muitos profissionais de saúde mental, de gestão de pessoas e gestores em geral apoiando e promovendo ações de saúde mental e bem-estar no ambiente corporativo. Esse ano, 2024, tivemos um marco importante com a criação da Lei nº 14.831, de 27 de março, que estabelece requisitos para que empresas obtenham o reconhecimento e o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. Ainda há muito a ser feito, mas avançamos significativamente, e me sinto orgulhosa por ter me mantido firme na profissão ao longo desses anos e por poder fazer parte deste momento de transformação.


Apesar dos avanços, o cenário exige atenção redobrada. Reconhecer que as características psíquicas existem e precisa de cuidado é apenas o primeiro passo. Isso não altera o quadro atual de adoecimento e sofrimento mental entre os trabalhadores. Segundo o Conselho Nacional de Saúde, em 2023 o sofrimento psíquico no ambiente de trabalho já era considerado uma situação endêmica. Em 2024, as pesquisas indicam que os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT) são a terceira maior causa de afastamentos, com uma tendência crescente.

Esses dados alarmantes e a recente abertura para cuidar da saúde mental dos profissionais reforçam nossa responsabilidade profissional enquanto área de gestão e desenvolvimento humano. Precisamos oferecer ferramentas e estratégias eficazes que não apenas previnam o aparecimento de doenças e o sofrimento mental, mas que também desenvolvam a resiliência psicológica dos trabalhadores. Isso inclui fortalecer habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais, além de ampliar o investimento na psicoeducação de líderes, gestores e colaboradores para que possamos promover ambientes e relacionamentos mais saudáveis.


Colaboração:


Simone Helena Schelder

Sócia e Diretora de Desenvolvimento da Brain in Business Desenvolvimento Humano

Associada da ABRH Blumenau


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